Pesquisa da USP descobre reação química que transforma açúcar em energia
Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, descobriram como é a reação química que transforma o açúcar em energia elétrica.
O mecanismo de reação era um mistério para a comunidade científica há mais de 50 anos.
A pesquisa inédita é capa deste mês da Royal Society of Chemistry, uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo na área química.
Pesquisa da USP descobre reação química que transforma açúcar em energia
A pesquisa da USP
Foram cinco anos de estudo até o resultado inédito.
Primeiro, os cientistas colocaram fermento biológico, o mesmo usado para fazer pão, no açúcar refinado. Com a fermentação, o açúcar vira álcool.
Os pesquisadores acrescentaram um eletrodo com uma proteína chamada ADH ou álcool desidrogenase, que é uma enzima encontrada no corpo humano e em alimentos como o tomate.
“A proteína é capaz de extrair os elétrons – que são partículas carregadas – do etanol, gerando então eletricidade.
E esse processo é bem rápido. Em cerca de 10 minutos nós já temos corrente elétrica”, disse a doutoranda de química Graziela Sedenho.
Desvendando o mistério
O equipamento mede a intensidade da corrente elétrica. A experiência brasileira desvenda um mistério.
Há mais de 50 anos, pesquisadores do mundo inteiro tentavam descobrir de que forma a proteína agia quando entrava em contato com o álcool. Pela primeira vez, os cientistas conseguiram comprovar como é essa reação química, que transforma o açúcar em energia elétrica.
A ação da enzima para produzir energia não é a única descoberta. “A outra novidade foi que no mesmo sistema nós conseguimos realizar duas reações ao mesmo tempo, ou seja, tanto o fungo quanto a proteína atuavam ao mesmo tempo pra gerar o etanol e gerar a eletricidade, o que nunca tinha sido comprovado anteriormente”, disse o professor do Instituto de Química Frank Crespilho.
A experiência pode trazer vantagens para o meio ambiente
“A utilização de microorganismos para decomposição da matéria orgânica em lagos e rios, descontaminando o meio ambiente e mesmo assim, gerando eletricidade e também gerando bioenergia, ou seja, extraindo eletricidade de qualquer fonte de açúcar presente em frutas, legumes e outros tipos de plantas”, afirmou Crespilho.